12 aprile 2016

Revelando as investigações ufológicas oficiais da Rússia

Um dos casos ufológicos mais conhecidos ocorridos em território da então União Soviética aconteceu em 20 de setembro de 1977 às 04h05, na cidade de Petrozavodsk. Entre as centenas de testemunhas estavam trabalhadores do porto, marinheiros, policiais, a equipe de uma ambulância e um repórter da agência oficial TASS. Foi observada uma luz muito brilhante que logo pareceu se postar sobre a cidade, exibindo o formato similar a uma água-viva e liberando fachos de luz. Depois de 12 minutos o objeto pareceu alterar sua forma para um semicírculo e se dirigiu ao Lago Onega, nas proximidades, para finalmente desaparecer rumo ao céu. Muitos foram os que ficaram temerosos diante da possibilidade de ser um ataque nuclear, pois na época se vivia o auge da Guerra Fria. O repórter da TASS publicou depois a história do ocorrido, sob o título “Um fenômeno natural estranho sobre a Karelia”. Governos de países vizinhos exigiram saber se Moscou realizava testes de armas secretas, porém o governo soviético estava estarrecido pelo episódio, e a Academia de Ciências, o mais prestigioso órgão de cientistas do bloco soviético, também foi incapaz de prover uma resposta satisfatória. A conclusão dos cientistas foi que o Fenômeno UFO era real e precisava ser estudado. Finalmente o Ministério da Defesa e a Academia de Ciências decidiram criar um grupo de estudo, que ficou ativo até 1990. O grupo, conhecido como The Network ou A Rede, colhia relatos de observações de UFOs e os analisava cientificamente. Seu principal membro era o astrofísico Yuly Platov, que soube do projeto pelo chefe de seu departamento do instituto onde trabalhava, e pediu para participar. Foi finalmente apontado como o comandante do projeto. Platov afirma que no início tudo era ultrassecreto, pois consideravam grande a possibilidade de encontrar alienígenas ou fazer descobertas com aplicações militares. A Rede era composta de 20 organizações, com especialistas em física, química, óptica e espectroscopia, entre outros. Platov afirma que era difícil coordenar o trabalho entre cientistas civis e os militares: “Se um cientista se vê diante de algo que não entende, ele tenta estudar esse fenômeno. Mas se alguma coisa se aprenta assim para os militares, eles a enxergam como um alvo ou inimigo em potencial”.





A Rede trabalhava com relatos enviados por cidadãos e militares por toda a União Soviética. Chegou a colaborar ainda com ufólogos civis, dos quais o mais conhecido foi Felix Zigel, considerado o pai da Ufologia Russa. Porém a colaboração com o grupo deste cessou quando ficou claro que a Rede desconfiava dos métodos pouco ortodoxos de Zigel. Após a morte deste em 1988 seus seguidores prosseguem com teorias exóticas, como Alexander Semyonov, líder do grupo Ecologia do Desconhecido. Para ele, os UFOs explicam a atual superioridade tecnológica norte-americana, e a tecnologia destes foi usada tanto no bombardeiro B-2 quanto nos iPhones. Já Joseph Kellner, especializado na Ufologia Russa, desconfia da maioria dos relatos surgidos desde os anos 90, acreditando que muitas alegadas testemunhas criam histórias baseadas nas descrições de casos ufológicos ocidentais e as vendem para pesquisadores estrangeiros. Ele porém defende a autenticidade de um caso de queda de UFO ocorrido em 1986 em Vladivostok, e recolhido pelos militares. Em 1990 a Rede concluiu que somente 300 dos 3.000 casos de UFOs pesquisados foram considerados anômalos e inexplicáveis. Contudo, nos dias de hoje e diante do alto segredo em que eram mantidas as atividades espaciais e militares soviéticas, até mesmo dentro dessa lista de 300 casos muitos podem ser explicados como lançamentos de foguetes ou mísseis. O próprio caso de Petrozavodsk pode ser um desses, descoberta feita pelo Dr. James Oberg, na época um jovem engenheiro e controlados no Centro Espacial Johnson da NASA. Ele procurou o centro de rastreamento da agência espacial e perguntou se teria havido algum lançamento no então secreto Cosmódromo Plesetsk, nas proximidades daquela cidade. E de fato foi realizado um lançamento no mesmo dia 20 de setembro, às 03h58, poucos minutos antes do avistamento em massa. Oberg é hoje um conhecido ativista cético que questiona muitos casos ufológicos. Na manhã de 17 de julho de 1967 cidadãos soviéticos da Ucrânia até o Cáucaso reportaram avistamentos de um objeto em forma de crescente, acompanhado por um ponto de luz, percorrendo o céu noturno. Em 19 de setembro, 18 de outubro, e até a primavera de 1968 houve relatos similares. Ziegel adquiriu fama aparecendo na televisão e pedindo que os cidadãos apresentassem seus testemunhos, porém Oberg suspeita que o que provocou os avistamentos em massa foi outro teste ultrassecreto, no caso de uma arma nuclear orbital designada como Sistema de Bombardeamento Orbital Fracionado (FOBS). Para reentrar na atmosfera o veículo acionaria seus foguetes, o que seria visto conforme as descriçoes. Além disso, filmagens dos recentes testes de pouso dos foguetes Falcon 9 da SpaceX produziram um efeito visual praticamente idêntico ao descrito, com o que o caso parece resolvido.

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